ECONOMIA E DIREITO DU PARÁ

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Modelo lulista de crescimento pode estar chegando ao limite?

Os riscos à estabilidade e ao crescimento econômico brasileiro são postos por uma análise recente do Jornal Financial Times. Em um mundo em produnda turbulência incluindo às crises na Grécia, Irlanda e rumores sobre à estabilidade das economias espanhola e italiana, vale a pena no mínimo colocar as "barbas de molho". Acredito que o Governo Lula para além de ser bem sucedido na área econômica, conseguiu de fato estabelecer um modelo de crescimento com inclusão social que pode ser exemplo para vários países do mundo. Agora, realmente conta com alguns gargalos, como apreciação cambial, altas taxas de juros, problemas de infra-estrutura, alta dependência da exportação de commodities (isso é uma herança dos tempos coloniais), baixos níveis educacionais, e vários outros. Mas acredito que é possível enfrentá-los e superá-los. Aguardo comentários.

Modelo lulista de crescimento pode estar chegando ao limite?

O modelo de crescimento econômico brasileiro estabelecido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) pode estar chegando ao seu limite, segundo adverte reportagem publicada nesta quarta-feira pelo diário econômico britânico "Financial Times". "Mesmo com o Lulismo sendo enaltecido pela América Latina como uma possível solução para os problemas centenários de desigualdade e crescimento atrofiado no continente, há temores de que ele está chegando ao seu limite no Brasil", afirma o jornal. O 'lulismo' é definido pela reportagem como o modelo que combinou a concessão de benefícios sociais, aumentos salariais generosos, fácil acesso ao crédito e a manutenção de uma economia estável. "É um modelo ao qual se atribui a retirada de 33 milhões da pobreza durante seus oito anos de governo", diz a reportagem.

O jornal observa que, assim como a China e a Índia, o Brasil cresceu na última década para se tornar uma importante força global, mas assim como os dois países asiáticos, "também mostra sinais de superaquecimento". A reportagem lista sinais de alerta levantados por analistas, como o risco de uma bolha de crédito, a baixa taxa de investimentos, o fortalecimento do real ou a forte dependência da exportação de commodities a cotações elevadas, mas comenta que há também "vozes mais otimistas que rejeitam tais previsões".
Para o jornal, "ninguém questiona o sucesso de Lula", que também contou com a sorte durante seu governo para entregar o país crescendo a 7,5% à sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff. A reportagem comenta, porém, que "Lula também entregou a Dilma uma economia fragilizada por desequilíbrios", como o crescimento acelerado das importações, financiadas pelo fluxo de divisas gerado pela venda de commodities ao exterior a preços inflados. Outro problema apontado é o risco de inflação, controlado por meio do aumento das taxas de juros, que por sua vez ajudam a pressionar pela valorização da moeda brasileira, reduzindo a competitividade da indústria nacional. O jornal observa que "parte da inflação vem do crescimento rápido do crédito, particularmente empréstimos ao consumidor" e comenta que há análises divergentes sobre o risco do estouro de uma bolha de crédito no Brasil.

Segundo a reportagem, economistas sugerem que para compensar a perda de ímpeto do crescimento do crédito ao consumidor, o Brasil "deve aumentar os investimentos em infraestrutura e em educação para aliviar os gargalos em logística e aumentar a produtividade".

Apesar da previsão de investimentos da ordem de bilhões de dólares em infraestrutura por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o jornal diz que "os progressos até agora têm sido lentos". A reportagem comenta ainda que a melhor maneira de financiar os investimentos é aumentando a eficiência do setor público, que se expandiu durante os dois governos Lula para chegar a um tamanho equivalente ao verificado nas economias avançadas, mas sem o mesmo nível de produtividade. A necessidade de reformas no sistema de previdência e nas leis trabalhistas, porém, parecem pouco prováveis, segundo o jornal, por causa das dificuldades políticas em controlar uma coalizão governista com dez partidos.
Apesar de todos os sinais de alerta, o jornal observa que "o milagre econômico brasileiro parece intacto por ora". "Espera-se um crescimento a respeitáveis 4% neste ano, igualando a média durante os governos de Lula", comenta o jornal. Para a reportagem, com a perspectiva de receber a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil "raramente teve uma chance melhor de se livrar do clichê de ser 'o país do futuro que será sempre o país do futuro'". "Mas o governo de Dilma terá antes que mostrar como planeja aumentar o investimento e ao mesmo tempo reduzir a dependência da economia dos preços voláteis das commodities e de consumidores sobrecarregados", diz.

in economiaemfoco.zip.net

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