ECONOMIA E DIREITO DU PARÁ

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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A face inimiga da verdade


Em uma palestra recente no Ceulp Ulbra, o Desembargador Antônio Félix do Tribunal de Justiça do Tocantins declarou que não acredita na justiça: “Eu não acredito na Justiça. Alguém aqui acredita?”, disse aos acadêmicos do curso de direito. Tal declaração parece um tanto estranha vindo da pessoa do desembargador, o qual tem a missão de zelar e promover a justiça. Outra declaração que causou espécie foi a do técnico do palmeiras, Luiz Felipe Scolares, quando perguntado por que nao escalava os jogadores mais novos do clube. Respondeu que "não tem atleta bom". Foi um deus nos acuda, tais declarações de Felipão estouraram como uma bomba na categorias de base do clube, deixando torcedores e simpatizantes atônitos. 

Mas por que as pessoas ficam perplexas com declarações como estas? Será por que não suportam mais  viver sem hipocrisia? Ou será que o fardo da verdade ou do politicamente incorreto (como queiram) é pesado demais para eu me arriscar e suportar toda a ojeriza e desprezo da nossa elite intelectual, ou mesmo dos nossos imparciais formadores de opinião?!! Grande parte da sociedade, em meio a tanta corrupção, impunidade, violência, mediocridade, vulgaridade, mentiras, e outros faz-de-contas, já não consequem mais dizer algo sem um pingo de leviandade, ao passo que a verdade passa a gozar de um status antisocial, antiestético e até mesmo contrário a ética profissional, a moral e aos bons costumes. Já que na nossa sociedade pós-moderna é comum o culto à hipocrisia, à adoração das bobagens shows (dança dos famosos), à vulgaridade dos corpos nus, a burrice exarcebada da classes mediocres, e a busca incessante por audiência, visando a difusão daquilo que é politicamente correto e aceito como padrão de conduta social. 

Evidentemente, que o conceito de verdade é relativo, no entanto, há algumas verdades que já se tornaram absolutas por estas terras, como "o Brasil é o país da corrupção e da impunidade", poderiam alguns cientificistas  e filósofos-abstracionistas-utópicos contestar veementemente o conceito de verdade aqui empregado. Contudo, não estamos preocupados com a teoria filosófica da verdade, mas com a realidade na qual vivemos ou fingimos que estamos vivendo. Afinal, tudo o que se diz na busca da verdade tem que passar pelo crivo dos moderadores do que é ou nao politicamente correto,(sic) , do que é ou não verdade.

Portanto, não nos assombremos com a verdade; uma vez que faz bem à  própria consciência - de vez em quando - uma gotinha de sinceridade. Assim, evitaremos representar para nós mesmos aquilo que representamos para os outros, o que já seria o abismo da hipocrisia!!





sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A TERRA DOS JUROS ALTOS

Em estudo recente da corretora Cruzeiro do Sul mostra que o Brasil possui a maior taxa de juros reais do mundo, cerca de 6,35% a.a,  sendo que o segundo colocado tem taxa de juro de 2,8% - o caso da Hungria. Países como China, México e India possuem taxas de juros em torno de 1%. Afinal, o que isso nos revela? Revela que os formuladores da política monetária tem conseguido, efetivamente, combater a inflação principalmente ( ou tao somente) às custas do aumento da dívida pública.

O que nos deixa surpreso é o fato da sociedade seguir como se nada estivesse acontecendo. Como se o aumento da dívida pública fosse mais uma "burocracia do governo" sem nenhuma importancia, pois o que interessa é receber a fortuna do bolsa família, aumentar os ganhos do salário mínimo, conseguir um contrato comissionado para minha sobrinha, receber umas "oncinhas" pelo meu voto, fraudar uma licitaçaozinho para favorecer um  comerciante amigo meu, enfim, garantir a supremacia do interesse particular em detrimento do interesse público, digo, do interesse da sociedade.

Nessa brincadeira de não dar importância para a dívida pública; ou mesmo nem saber se ela existe, o povo passa um cheque em branco para o governo, o qual "tenta" se esforçar para não deitar e rolar; pois, a dívida líquida do setor público atingiu cerca de 1,5 trilhões de Reais (Conjuntura Economica/FGV), ao passo que a relação dívida/PIB gira em torna de 40%, e com o esforço fiscal no primeiro semestre de 2011, o governo federal já está otimista que irá atingir a meta de superávit prímário de 3% do PIB. Tudo isso mostra que o governo sinaliza para uma política econômica voltada para a contenção de gastos e utlização da Politica Monetária como instrumento para debelar a inflação, ainda que precise pagar os juros reais mais altos do planeta, aprofundando ainda mais a sua dívida pública, que a maioria dos cidadãos continuam achando que quem paga é o governo. 

A taxa de juro funciona como um remédio para dor de dente. Ela alivia a dor mas não resolve o problema, pois, às vezes, o dente pode está cariado, que senão tratado voltará a doer. No que tange à economia, a taxa de juro é o remédio necessário para combater a inflação, no entanto, a verdadeira causa da inflação reside  principalmente nos gargalos da infraestrutura  e na insuficiência de poupança doméstica para garantir o investimento pretendido pelos agentes econômicos. O que ocorre, disso tudo, é um aumento da demanda agregada e o nosso querido dragaozinho jorra suas labaredas contra os pobres e desdentados (sic: desrendados), pois os preços aumentam, dizimando o poder aquisitivo das classes menos favorecidas. Mas, poderíamos fazer uma  simples proposição: Os empresários não querem vender mais? Entao, é só renovar os estoques e absorver o acréscimo de demanda. Se assim fosse, nosso país seria o país das maravilhas, mas as coisas na economia de mercado nao funcionam assim, num passe de mágica, existe uma coisa chamada planejamento economico. Os agentes agem conforme suas expectativas de futuro. E o presente de hoje foi o futuro de ontem, e o futuro de hoje é presente de amanhã, portanto, os agentes econômicos são limitados por uma coisinha chamada PIB potencial, que consiste no máximo da capacidade instalada da economia para a produção de bens e serviços num determinado período, projetado anteriormente conforme dadas circunstâncias. Logo, mesmo que os capitalistas quisessem aumentar sua oferta de bens e serviços num curto período de tempo, encontrariam limitações de pessoal, infraestrutura e capacidade tecnológica.

Por isso, surge a entidade do mal: a inflação. Que deteriora o poder aquisitivo dos pobres e promove a instabilidade econômica. É ai, então, que surge a entidade do bem: o BC com sua arma mortal, a taxa Selic, capaz de tranformar o temível dragão num dócil e inofensivo gatinho de madamme. Entretanto, surge um ser tão terrível quanto a inflação, a entidade do mal que se disfarça de anjo de luz. Mas, na verdade, é a personificação do próprio "capeta", do "demunium", pois por onde ela passa não deixa sequer um único centavo nos cofres do governo: é a ardilosa e camaleônica Dívida Pública. A grande maioria da população não sabe que quando o governo aumenta a taxa de juro, está aumentando também ( e significativamente) a sua divída pública, o que implicará, mas à frente, em aumento de impostos ou redução de gastos públicos (quase sempre recaem sobre a saúde, segurança, e educação), impactando diretamente a população mais pobre e possibilitando a felicidade daqueles que tem dinheiro neste país, isto é, os nossos especuladores profissionais, que aparecem no "Jornal Nacional" dizendo que o governo está fazendo a coisa certa em manter a política monetária, tranquilizando aqueles que pouco de nada sabem, e, que num estado de êxtase, se deliciam do néctar da fonte da ignorância, facilmente manipulável pelos trocadilhos indecifráveis do economês.