ECONOMIA E DIREITO DU PARÁ

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

NO QUE SERÁ QUE VAI DÁ?


O resultado da indignação do povo estamos vendo nas ruas, com seus cartazes em punho, dando gritos de guerra e insubordinação à ordem posta. A dúvida que se apresenta é a seguinte: no que resultará tudo isso? Será um movimento fogo de palha, ou um movimento de consciência política capaz de mudar o modus operandi da política nacional? Ou será um movimento restrito às redes sociais com pouca densidade para revolucionar efetivamente as urnas? E o povo imerso no facebook estão lutando por qual motivo? Ou simplesmente estão indo às ruas empurrados pelo efeito manada potencializado pelas redes sociais?

O povo grita nas ruas, porém é preciso saber: que povo? Dias atrás a mídia apontou o perfil de alguns lideres do movimento "passe livre", principal organizador dos protestos, e apontou que grande parte sao filhos de classe média. Alguns  acostumados com os jogos virtuais na internet, com suas pistolas automáticas, além das quatro ou cinco vidas no jogo, totalmente independentes de papais e mamães protetores, mas que anseiam por mudar  o mundo com suas ideologias revolucionárias - com palavras de ordem do tipo: abaixo a corrupção, abaixo o mensalão, abaixo o Marcos Feliciano, abaixo aos heteros declarados, abaixo os que pensam diferente do politicamente correto, e viva as ditaduras das minorias pós-modernas. 

Vê-se também que alguns jovens estão indo às ruas para extravazar seu lado animalesco, quebrando patrimônio público e depredando bens particulares, ignorando muitas vezes o teor de temas relevantes para a sociedade, como, por exemplo, a PEC 37, os royalties do petróleo, reforma política, e outras demandas legítimas da sociedade. 

Há que se observar, todavia, que a maioria  são pessoas conscientes politicamente, ou pelo menos movidas por boa vontade e a ideia de contribuir para um país melhor, mas infelizmente sempre nos defrontaremos com malfeitores que procuram aproveitar-se das oportunidades para empunhar suas bandeiras de "ignorâncias" e manipulação social.

Por fim, nossa juventude parece que está mudando, mas espero que melhore sua qualidade de revolta política, caso contrário teremos apenas um bando de arruaceiros buscando  serem notados pelas câmeras da Rede Globo!

Consequências econômicas da rua

27/06/2013 - 03h00
 
O mundo cobra mais caro para emprestar dinheiro ao Brasil neste junho de 2013, dadas as bobagens econômicas que fizemos e uma reviravolta na finança mundial. A grande finança saca investimentos daqui. Especula contra o real (que se desvaloriza). 

Seja chantagem ou não, a finança e empresas começam a dizer também que os protestos de rua tendem a derrubar o interesse pelas privatizações de serviços e obras públicas marcadas para este ano (concessões de estradas, ferrovias, portos etc.). Empreiteiras e outras empresas interessadas nos negócios já levaram esta conversa com integrantes do governo Dilma Rousseff. 

Qual é a conversa? O protesto na rua intimidou governantes, que revogam ou evitam aumentos de tarifas de serviços públicos. Empresas concessionárias de serviços públicos vivem de tarifas, claro. Se há risco de repressão dos reajustes de tarifas, há risco de a rentabilidade do negócio ir para o vinagre. 

Note-se de passagem que, até agora, os governos (contribuintes) estão bancando reajustes que não foram feitos. A conta ainda não caiu no caixa de nenhuma empresa. 

Voltando ao assunto: em tese, o argumento do aumento da incerteza das empresas é óbvio e racional. Mas também pode ser um jeito de as empresas fazerem pressão sobre o governo, de modo a aumentar a taxa de retorno do negócio (com o que os preços dos serviços podem ficar mais altos).
De qualquer modo, a pressão pode funcionar. O governo federal está acuado em várias frentes. 

O país cresce pouco, a receita do governo também, há risco de o governo não cumprir metas fiscais (de poupança, de gastos) e, assim, desmoralizar ainda mais sua política econômica. 

Concessões bem-sucedidas poderiam ser um alívio: entraria dinheiro no caixa, o clima econômico melhoraria, viria algum investimento novo. O risco de também essa válvula de escape entupir assusta bastante um governo já meio sufocado. 

Quanto tempo vai durar a "repressão tarifária"? Tarifas devem ficar em banho-maria enquanto os protestos transbordarem nas ruas e sua memória ainda estiver fresca. Mas, logo a seguir, em cerca de um ano, começa a campanha eleitoral. Logo, parece difícil que a "janela de oportunidade" dos aumentos se abra tão cedo. 

Repressão tarifária tende a provocar rombos nos orçamentos dos governos ou corte de investimentos, pelo menos no curto prazo. Logo, também é um fator de deterioração econômica. 

A reação demagógica e incompetente de governantes e parlamentares aos protestos também pode ser outro fator de degradação das contas públicas e, por tabela, da economia, não apenas no curto prazo. 

Quase todo mundo comemora a ideia de usar 100% dos royalties do petróleo em gastos da educação. 

Surgiu até a ideia brilhante de pagar o passe livre de estudantes com o dinheiro que um dia virá do petróleo, que mui propriamente brotou da cabeça privilegiada de Renan Calheiros, paladino do povo. 

Carimbar verbas para isso ou aquilo, de resto sem mesmo antes verificar a eficiência do gasto presente ou se existem outras prioridades, é receita de desperdício (o que é também uma forma de favorecer corrupções e desvios de verba). 

Vinicius Torres Freire está na Folha desde 1991. Foi Secretário de Redação, editor de 'Dinheiro', 'Opinião', 'Ciência', 'Educação' e correspondente em Paris. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve às terças, quintas e domingos, no caderno 'Mercado'.
fonte: www.uol.com.br